Português:
Isto vai ser longo. Fiquem avisados.
Abri o último ano com esta citação bem impressa na minha mente:
“Dwell on the beauty of life. Watch the stars, and see yourself running with them.” ― Marcus Aurelius
Ainda ressoa como uma verdade absoluta, mas vou terminar o ano com uma outra.
No outro dia algo se apoderou de mim enquanto estava a pensar sobre como este ano passou a voar e tudo o que pude experienciar e as pessoas com quem, se não estivesse a seguir o meu sonho, eu não teria sequer conhecido e foi isto: Isto pode soar como uma completa bullsh*t, peço desculpa pela terminologia escolhida, mas eu finalmente percebi que a palavra mais honesta e absoluta para usar quando tento resumir o que sinto ao entrar como um furacão na vida das pessoas não é apenas gratidão, mas, acima de tudo PRIVILÉGIO. Como é que é possível que eu inicie uma ligação com alguém expondo sobre o que eu posso ter para oferecer, e os termos de acordo e preços de pacotes e meses mais tarde partimos como amigos? Como a confiança realmente, literalmente, quase às cegas constrói pontes e torna-se acima de tudo o alicerce de tudo na minha vida? Como é que posso não me sentir profundamente impressionada e emocionada ao realizar que esses tais pensamentos tão organizados são se não apenas um pequeno pedaço de uma incrível e mágica realidade? Bravura e compreensão, confiança e abertura, entrar e deixar entrar - todas elas são parte do que eu dou e parte do que eu, em última instância recebo também. Conectarmo-nos pode não ser difícil, mas conectarmo-nos a um nível mais profundo supera a criação de imagens individuais. Faz histórias ganhar vida. Conecta se não dois, três, cinco, cem vislumbres de uma lágrima em movimento, um riso pendente, um sorriso chorado. Isto não são apenas palavras poéticas - é a minha maneira de dizer obrigada. Criar é verdadeiramente o que me faz para lá de feliz. É o que me faz sentir que estou a viver a vida que estou destinada a viver. Mas num último olhar, a criação destas pontes entre vocês e eu é o que importa. Vocês e eu, vocês e os outros, nós uns com os outros. E foi por isso que eu abri o meu coração à bravura e ao risco e ao ser mudada para criar. Porque vale tanto a pena.
Quando eu fotografo um casamento não estou só a documentar um dia. Não estou só a aplicar a visão que tenho perante a vida e aqueles pensamentos aleatórios e inaptos que minha mente me proporciona à medida que vejo as coisas que passam por mim e há um clique e vejo beleza nelas de uma maneira especial, o suficiente para querer congelar esse momento para sempre. Não só dentro de mim, mas também para ser capaz de dar aos outros a oportunidade de encontrarem uma beleza semelhante ao que essa milésimo de segundo me fez sentir. Fotografia comove-me profundamente, mas eu acho que essa é uma conversa para, talvez, uma outra altura. Quando fotografo um casamento não estou só a dar os meus próprios passos, mas a seguir o caminho dos meus casais, e mesmo que apenas por um único dia eu preciso que os passos que eu dê possam ser tão puros e crus como os seus. Quando fotografo casamentos eu não vivo apenas numa linha recta da minha consciência, eu entro na perspectiva dos meus casais, eu engulo-a inteira e parto os vidros de todas as janelas para ser capaz de estar lá dentro com eles e com os seus sentimentos. E eu sei que isso exige mais daqueles que me escolhem, e eu quero que os que o façam sintam tanta alegria nisso como eu.
2015 foi um ano que passou num piscar de olhos. Sinceramente não posso acreditar nas coisas que experienciei e as coisas que testemunhei. As pessoas bonitas que me permitiram entrar com plena confiança e crença. Os lugares onde fui e os pensamentos de gratidão que me assombraram quando estava cansada ou em baixo e sentia que os uma vez clientes, mas agora amigos eram os meus salva-vidas. Também criei laços profundos com outros artistas que me inspiram todos os dias, o que me fez querer viajar pelo mundo e desenvolver uma comunidade mais próxima e forte com muitos mais. Estar na companhia de mentes criativas é life-changing e desafiador e eu só quero também agradecer a todos aqueles que sempre tanto me incentivaram e investiram o seu amor em mim.
Estes últimos dois anos fotografei dias inesquecíveis. Dias que ainda me enchem de felicidade. Dias dos quais me lembro com uma intensidade de coisas bonitas que ainda estão em metamorfose rumo a algo ainda melhor. Quando sou também eu testemunha do propósito da vida em criar amor forte o suficiente para juntar duas pessoas para a eternidade, isso faz-me sentir tão mas tão realizada. E apesar das incertezas tão intensas que senti no final de 2014, foi essa mesma intensidade que me forçou a perceber que eu não consigo parar de fotografar casamentos, nunca. Porque realmente sinto que há aqueles casais que realmente me querem. Aqueles que não só sabem o quão certa sou para eles por causa das imagens que crio em cada casamento, mas porque vai haver um click e vamos ter o tempo necessário para criar imagens de tirar o fôlego, imagens que nos vão assombrar aos três, e aos amigos e família, por gerações e gerações. Porque essa é a verdadeira beleza do estilo e da conexão. Há por aí alguém que vai ser a match perfeita para o que nós temos para dar. Isso é afinal de contas o que nos faz cruzar caminho e ficar juntos. É assim que fazemos amigos, que nos apaixonamos. A mesma coisa acontece na arte. Acontece num negócio tão frágil como a Fotografia. Quando temos de provar ser o mais certo e melhor investimento que alguém decidiu fazer - tanto financeiramente como espiritualmente. Mas eu não quero só isso. Eu quero fazer os outros sentirem-se especiais, sentirem-se bonitos, sentirem-se imbatíveis. Vivos. E fazer tudo isso durar para sempre nas imagens que lhes dou. E esse é o meu objetivo mais honesto e transparente.
Este ano foi um ano inesquecível. Foi um duro, cansativo e árduo voo também. Mas em vez de queimar pontes, criou-as. Em vez de me entristecer, ergueu-me como nunca. Em vez de me fazer desistir fez-me querer mais e mais. Obrigada. E aqui estão bocadinhos, pequeninos, que provam como 2015 foi, por outro lado, tão bom para mim. Sentindo-me tão abençoada, obrigada.
Vou fechar com uma outra citação, que é também senão um desejo para todos vocês:
“Do not let your fire go out, spark by irreplaceable spark in the hopeless swamps of the not-quite, the not-yet, and the not-at-all. Do not let the hero in your soul perish in lonely frustration for the life you deserved and have never been able to reach. The world you desire can be won. It exists.. it is real.. it is possible.. it's yours.” ― Ayn Rand.
Vemo-nos em 2016.